Uma das coisas que tenho em mente quando dou aulas de Systema (Arte Marcial Russa) e estou explicando um assunto é escolher bem as palavras com que eu falo. Na realidade alguns assuntos que estudamos são (ou podem ser tornar) complexos e vão além de dar socos e pontapés. Além de pensar e do que e como falar, você tem que sentir, mas sobre esse tópico específico escreverei em outra oportunidade.
Fato é que a maneira que você pensa e fala tem reflexo no seu corpo, especificamente quero dizer, em “como” seu corpo se organiza para realizar uma determinada ação (sua postura corporal, estímulo adequado da cadeia neuromuscular, dispêndio adequado de energia, respiração correta, atitude interna, etc.). Não estou falando sobre PNL, medicina psicossomática ou aspectos espirituais, mas sim de uma forma bem prática.
Há controvérsias sobre o quanto podemos dominar “em tempo real” nossos pensamentos, mas com certeza podemos controlar “o que”, “de que/quem”, “quando”, “como” e “para quem” falamos. Sendo este “quem” também a pessoa interna. Por isso no Systema damos muita importância a como pensamos, falamos e agimos.
Na minha experiência como professor posso com certeza dizer que, se antes de executarmos algo, pensarmos e falarmos corretamente, nosso corpo se organizará de tal forma que a qualidade do movimento (da ação) será superior em relação ao somente “sair fazendo” (ou só pensar, ou só copiar). Portanto não basta só pensar, é preciso falar !! E falar com as palavras certas, para que nosso corpo “compreenda e faça” melhor. Esta técnica aplicamos em vários exercícios, dos físicos (ginástica) à aplicação de movimentos técnicos (não creio que a palavra “golpe” não se aplique bem ao Systema).
Outra vantagem é que ao pronunciar acontece um reforço auditivo e isso contribui positivamente no sistema corpo ação. Podemos dizer que transmitimos ou somos mais “específicos” nos comandos que damos ao nosso corpo. Em momento de aprendizado, de certa forma, fornecemos mais “qualidade” nas sinapses construídas. Se se a sinapse é “melhor”, quando resgatarmos essa informação, o corpo responderá “melhor”. Ao ensinar a Arte Marcial Russa em sua multiplicidade de conhecimentos observei fatos curiosos, por exemplo: a pessoa diz uma coisa e o corpo faz outra (execução), a pessoa diz uma coisa e o corpo “reage” de forma diferente ao comando: não tem adequação de tônus muscular, de movimento, de posicionamento espacial; entre outros.
Se as palavras escolhidas estão carregadas “em si mesmas” de emoção (raiva, ira, amor, medo, tristeza, etc.) seu corpo vai estar alinhado a estes sentimentos, podendo não produzir o resultado desejado ou esperado. Por exemplo, as palavras Bater ou Apanhar fazem conexão com a infância, quando fazíamos algo reprovável e os pais usavam do chinelo para correção. Outras palavras: Socar, atacar, defender, lutar, fugir, brigar, jogar no chão, birra, etc. carregam aspectos emocionais, podendo até nos remeter a imagens e sentimento diversos.
Este tipo de coisa não acontece com palavras neutras: Combate, agir pontualmente, reposicionar, visualizar a saída, ir ao solo, etc. Analise esta frase: “Você veio aqui para aprender a brigar” x “Você veio aqui para aprender a combater”.
Se uma simples palavra faz toda a diferença em uma frase pequena imagine explicar um conceito complexo! A compreensão está muito ligada a aspectos internos da pessoa: personalidade, histórico familiar, social, ambiental, emocionais, etc. e se compreensão é diferente, a interpretação e o comportamento também podem ser.
Extrapolando e transportando este conceito para o dia a dia e o mundo corporativo, vejamos: - Quantas vezes falamos e agimos de forma diferente? - Quantas vezes temos uma intenção mas colocamos palavras que dizem ou contrário e magoam outras pessoas? - Quantas vezes damos instruções para nossas equipes e elas se sentem desorientadas, desanimadas ou em dúvida quanto ao que realmente se quer? - Quantas vezes nos referimos a pessoas da hierarquia ou de outras áreas, “até com” educação, mas com palavras ou postura carregadas de sentimentos contraditórios. - Quantos conflitos entre departamentos ou familiares poderiam ser evitados se prestássemos mais atenção a isso? - Mas também...quantas pessoas foram fortalecidas, quanta gente foi mobilizada para uma causa nobre, quantas empresas foram resgatadas e melhores direcionadas ? - Quanta coisa boa foi e pode ainda ser construída se fizermos uso de palavras e atitudes certas, com inteireza de coração? Fortalecemos, mobilizamos e colocamos em “melhor movimentação” a nós mesmos, a amigos, familiares e empresas.
Ninguém discordaria que “O cuidado com as palavras (que o líder de uma empresa profere, aponta as estratégias, comanda e guia a si e as pessoas, etc.) direciona como esta empresa se organiza (se comporta, atua no mercado, trata e se relaciona com outras pessoas e organizações, etc.)”. Para finalizar as palavras podem moldar a construção do processo educacional, do gerenciamento das ações ou influenciar positivamente ou negativamente a realidade, própria ou de um grupo. Isso vale para Artes Marciais, atividades físicas e esportivas, ou para qualquer outra coisa.
Cabe a nós ter a sabedoria de escolhe-las melhor para obtermos melhores resultados.
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. ” Mt 15:11
Prof. Carlos Pimenta (Empresário, Hipnólogo Clinico especializado em Doenças e Dores Crônicas Emocionais, Acupunturista e Massoterapeuta, Instrutor Pleno de Systema - Arte Marcial Russa, Psicanalista)
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